Escola única e educação rural no Estado Novo em Portugal

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https://doi.org/10.5944/hme.7.2018.18733

Parole chiave:

Educação popular, Escola Única, Educação rural, Estado Novo

Abstract

A Escola Única Portuguesa não estabeleceu com a cultura e a sociedade uma relação qualitativamente uniforme. O educacional escolar frequentemente apresentou um contraste entre o mundo rural, tomado como idílico, e o mundo urbano apresentado como ameaçador para a moral e o bem-estar dos indivíduos. Correlativamente, o currículo escolar foi aberto ao progresso e ao cosmopolitismo. A cultura rural, o universo material e o campo simbólico do Portugal rural eram negligenciados e tomados como arcaicos. Esta indeterminação e aquele paradoxo radicavam em pressupostos ideológicas e nacionalistas, e encontraram consequência na norma escolar e no corporativismo do Estado Novo. A portugalidade subjacente à Escola Única não foi necessariamente rural, mas o minimalismo literácito facultado pela alfabetização escolar afigurou-se como compatível com a ruralidade. Proponho-me documentar e problematizar este assunto. Referir-me-ei também às políticas de ampliação da rede escolar e de formação de professores. Trarei por fim à colação o Inquérito internacional promovido pela UNESCO, Possibilités d’Accès à l’Éducation dans les Zones Rurales (1958), em resposta ao qual o Estado Português exarou a lacónica resposta «aucune différence», deixando antever, deste modo, asvirtualidades da escola única portuguesa

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Biografia autore

Justino Magalhães, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa

Grupo de História da Educação da Área de Investigação e Ensino de História e Psicologia da Educação

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Pubblicato

2018-01-28

Come citare

Magalhães, J. (2018). Escola única e educação rural no Estado Novo em Portugal. Historia y Memoria de la Educación, (7), 269–298. https://doi.org/10.5944/hme.7.2018.18733

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