Educação e ensino: matérias de concórdia ou disputa entre o Estado e a Igreja Católica durante o regime autoritário português?

Autori

  • Paula Borges Santos Instituto de História Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.5944/hme.4.2016.15761

Parole chiave:

Política, Religião, Educação, Ensino, Portugal

Abstract

Neste artigo, discute-se se as matérias relacionadas com educação e ensino foram objeto de entendimento ou de conflito entre o Estado autoritário e a Igreja Católica em Portugal. Cobre-se o período temporal de toda a ditadura (1933-1974) e analisa-se quer o estatuto conferido à religião no ensino público e estruturas estatais de enquadramento da juventude, quer o regime estabelecido para o ensino particular confessional. Inicia-se a exposição com breve caracterização do que foi o modelo de relacionamento entre o Estado e a instituição eclesial, aqui designado por «segunda separação». Em seguida, procura-se confirmar o quadro traçado, observando os dossiers mais importantes que, no âmbito daquelas «matérias mistas», se colocaram ao Estado e à Igreja Católica: alterações constitucionais relativas aos princípios orientadores do ensino público, afixação de cruxifixos nas escolas, assistência religiosa nas organizações estatais de juventude, situação do ensino privado, criação da Universidade Católica Portuguesa e regulação da incumbência do ensino da moral e da religião. Questionam-se estratégias da governação: definições de agenda política, processos de decisão política e feitura das leis. Exploram-se comportamentos dos agentes eclesiais, apreciando: estratégias compromissórias, de resistência ou de promoção de interesses religiosos e a sua capacidade de influência sobre os decisores políticos.

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Biografia autore

Paula Borges Santos, Instituto de História Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa

Paula Borges Santos é doutora em História Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Investigadora do Instituto de História Contemporânea (IHC) da UNL e do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa.

Desenvolve atualmente o seu projecto de pós-doutoramento, designado: A Organização Parlamentar na Europa na Era dos Fascismos: Portugal, Espanha e Itália (1922-1976). Bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Coordena, no IHC, o Grupo de Investigação Justiça, Regulação e Sociedade.

Professora visitante da Pontifícia Universidade Católica de Rio Grande do Sul (Brasil). Membro do Comité Coordenador da International Network for Studies on Corporatism and the Organized Interests (NETCOR), em representação de Portugal.

Publicou Igreja Católica, Estado e Sociedade (1968-1975): o caso Rádio Renascença (ICS: 2005) e A Questão Religiosa no Parlamento (1935-1974) (Assembleia da República: 2011), além de vários artigos em revistas científicas nacionais e internacionais.

Instituto de História ContemporâneaFaculdade de Ciências Sociais e HumanasUniversidade Nova de LisboaAv. de Berna, 26-C1069-061 LisboaPortugalTel: + 351 21 794 09 21Tem: + 351 96 297 48 96

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Pubblicato

2016-05-02

Come citare

Santos, P. B. (2016). Educação e ensino: matérias de concórdia ou disputa entre o Estado e a Igreja Católica durante o regime autoritário português?. Historia y Memoria de la Educación, (4), 215–247. https://doi.org/10.5944/hme.4.2016.15761

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