Usos da pedagogia racionalista na escola moderna nº 1 de São Paulo (1913-1919)
DOI:
https://doi.org/10.5944/hme.11.2020.23952Palavras-chave:
Educação anarquista, Pedagogia racionalista, Escola Moderna Nº1, João PenteadoResumo
O presente artigo analisa os usos da pedagogia racionalista, elaborada pelo educador anarquista Francisco Ferrer y Guardia e seus colaboradores na Escola Moderna de Barcelona no início do século XX, pela Escola Moderna Nº1, localizada na cidade de São Paulo (Brasil). Além de seu forte teor anarquista e anticlerical, a pedagogia racionalista caracterizou-se pelo positivismo científico, defendendo bandeiras como a educação integral, o aprendizado através dos sentidos, a coeducação das classes sociais e de gênero e a higiene da infância. A execução de Ferrer y Guardia, em 1909, desencadeou no Brasil, bem como em outras partes do mundo, um grande interesse por seu pensamento pedagógico. Desse movimento surgiu a Escola Moderna Nº 1, dirigida, na maior parte do tempo, pelo anarquista João Penteado. Busca-se no presente trabalho compreender o processo de apropriação da pedagogia racionalista em tal instituição, utilizando-se, para tal fim, jornais escolares e documentos escritos produzidos na instituição dirigida por Penteado. Concluiu-se que, a despeito da ideia de que a Escola Moderna Nº 1 era uma escola totalmente a parte do pensamento pedagógico hegemônico do período, os envolvidos na instituição acessaram os recursos culturais que tinham à disposição. Dessa forma, construiu-se na escola uma proposta pedagógica híbrida, que se apropriou tanto da pedagogia racionalista quanto do modelo pedagógico existente nas escolas graduadas, que no Brasil se chamou grupo escolar.
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